Trabalhar numa instituição de pesquisa conceituada como a Epagri é o sonho de muitos profissionais da agronomia espalhados pelo Brasil. Agora, imagine passar no concurso público e ser chamado para atuar na mesma Estação Experimental junto à sua parceira de vida. Foi esta realização que emocionou o engenheiro-agrônomo André Felipe Moreira Silva, 33, ao apresentar seu currículo aos colegas da Epagri Itajaí, durante a primeira reunião técnica de 2025.

“Eu sempre trabalhei em empresa privada e sonhava em passar em concurso, mas lecionar não era pra mim. Eu queria fazer carreira na pesquisa, e quando eu e Ana passamos no mesmo concurso e viemos para Itajaí, foi a concretização desse sonho”, revela. 

André e Ana se conheceram durante o doutorado (Foto: Renata Rosa)

Em 2022, os engenheiros-agrônomos André e Ana Lígia Giraldeli, 36, tinham acabado de se casar. Eles moravam em Londrina, onde Ana lecionava na faculdade de Agronomia na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Mas como era professora temporária (era preciso fazer concurso interno a cada dois anos) era difícil aprovar projetos de pesquisa. A perspectiva de dar um salto na carreira a motivou a se inscrever no concurso da Epagri, no qual ficou em primeiro lugar. André ficou em terceiro.

Agora, eles integram o time do Projeto Arroz da Estação Experimental de Itajaí (EEI). A especialidade de ambos é o combate às ervas daninhas, tema da tese de doutorado de ambos na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), em Piracicaba (SP). Em Itajaí, André vai atuar no aprimoramento do manejo da entressafra do arroz e Ana vai mapear a incidência de ervas daninhas já identificadas pelo pesquisador aposentado José Alberto Noldin, entre outros projetos.

André é natural de Cruzeiro do Oeste (PR), onde o pai tem um sítio, em que planta mandioca e abacaxi. Desde pequeno, ele ajudou o pai na lavoura, principalmente em época de colheita, junto com seu irmão, que também estudou Agronomia. “O estudo era para tirar a gente da roça, mas acabamos voltando porque descobrimos que não se tratava apenas da lida no campo, há muita coisa interessante na área de fitotecnia, sobre o manejo de tratos culturais, para aprimorar a produção de alimentos de forma sustentável”, acredita.

Ana nasceu em Santa Cruz das Palmeiras (SP), e fez sua formação acadêmica na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), antes de se mudar para Piracicaba para fazer doutorado. Como é uma região produtora de açúcar e álcool, seu estudo para combater ervas daninhas se concentrava no manejo dos canaviais. A mudança para Itajaí lhe trouxe a oportunidade de viver numa região próxima aos balneários que visitava como turista e estudar formas de combater as ervas daninhas que prejudicam a produção do arroz, um dos principais alimentos da mesa da população brasileira e mundial. 

 Por Renata Rosa, jornalista bolsista da Epagri/Fapesc

Amor na vida e na profissão: André e Ana realizam juntos sonho de atuar na pesquisa agropecuária