Quando trabalhava como professora de Ciências em uma escola estadual de Chapecó, Ilesete Wolff Savoldi, então com 43 anos, pensou como seria incrível atuar em um laboratório, tal qual os cientistas. A oportunidade apareceu em 2006, quando prestou concurso para a Epagri, para a vaga de auxiliar de laboratório, quando ficou em segundo lugar. Mas quis o destino que ela realizasse seu sonho, pois até ser chamado, em 2009, o primeiro colocado abriu da vaga, pois estava em outra empresa. Começava ali a trajetória de Ilesete na Epagri, que se aposenta em 31 de março, após 16 anos de muito aprendizado e amigos para a vida toda.

“É até difícil imaginar minha vida depois de me aposentar, porque durante todos esses anos, passei mais tempo com meus colegas de trabalho do que com meu próprio marido”, brinca.
Antes da Estação Experimental de Itajaí (EEI), ela atuou em Chapecó, onde trabalhava no laboratório de análise do solo. Ela fazia parte de uma equipe de oito técnicos, em que cada um analisava um parâmetro do solo, como ph, percentual de potássio, magnésio, nitrogênio, etc. Os dados eram analisados pelos pesquisadores, que faziam o diagnóstico do solo, se era bom ou não para plantar determinada cultura, e o que seria preciso fazer para corrigi-lo.
Sete anos depois, quando sua filha se casou e foi morar em Florianópolis, Ilesete pediu transferência para Itajaí, o local da Epagri mais próximo, onde havia serviço laboratorial. Na EEI, Ilesete foi trabalhar no Laboratório de Micropropagação de Plantas, principalmente de banana, que é um dos carros-chefe da fruticultura do litoral norte catarinense.
Sua tarefa é retirar o embrião da semente selecionada, colocar num frasco com todos os nutrientes que a plantinha precisa para se desenvolver: minerais, vitaminas, água, etc. Depois de colocada no frasco, a futura plantinha fica sete dias no escuro, e após este período, 30 dias com luz artificial dia e noite, com temperatura controlada. Dali, a planta sai do laboratório e vai para uma estufa em tubetes. Assim que atingem 30 cm, elas são plantadas no campo experimental.
A outra tarefa de Ilesete é fazer a micropropagação de brotos de bananeira através do rizoma, que é o caule subterrâneo da bananeira, onde fica a gema. O processo completo leva cerca de um ano até o ponto de serem plantadas.
“É muito bonito ver a vida se desenvolver dentro da placa de cultivo. Muita fruta que comi, um ano depois, passou pela minha mão primeiro”, se emociona. Outra coisa que aperta o coração de Ilesete, só de pensar que sua trajetória na Epagri está chegando ao fim, é perder o contato diário com os amigos que fez na Estação Experimental.
“Nossa, o Ramon (pesquisador) me ensinou muita coisa, a mexer com a autoclave, a fazer meios de cultura diferentes para cada etapa da micropropagação das plantas, um serviço muito minucioso, pois facilmente pode ter contaminação”, explica. Ela conta que não fazia ideia de como era trabalhar com o desenvolvimento da fruticultura, e hoje vê com outros olhos os produtos nas gôndolas dos mercados, que tiveram a expertise dos profissionais da Epagri para se tornarem acessíveis à população. “Eu vou, mas um pedaço meu fica por aqui”.
Por: Renata Rosa, jornalista bolsista Epagri/Fapesc
Confira mais fotos do trabalho da Ilesete, clique nas imagens para ampliar:
A Ilesete é uma pessoa super competente, tive a honra e o privilégio de conhecê-la. Sempre prestativa, com sorriso no rosto , um exemplo a ser seguido para os que ficam e para quem vem chegando, mesmo com tantos anos na EPAGRI sempre motivada e pró ativa . Que ela aproveite muito sua merecida aposentadoria .Grande abraço!