Denilson Dortzbach, gerente do Departamento Estadual de Planejamento da Epagri (Deplan), é o vencedor da categoria Jovem Pesquisador na área de Ciências Agrárias do Prêmio de Pesquisa Fapesc – Fritz Müller, que está em sua primeira edição. Além do reconhecimento público e certificado, o vencedor vai receber em 2023 uma premiação em dinheiro no valor de R$15 mil.
O prêmio visa valorizar pesquisadores de Santa Catarina, cujas conquistas e produções agregam contribuições significativas nas diferentes áreas de conhecimento e que tenham relevância para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no Estado
Os nomes que disputam o prêmio são indicados por instituições catarinenses de pesquisa, com base nas conquistas profissionais e na excelência da pesquisa nas áreas das Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas, Engenharias, Ciências da Saúde e Ciências Agrárias. Em cada uma das áreas a premiação é concedida em três categorias: acadêmico, jovem pesquisador e pesquisador destaque.
Nosso colega foi o único premiado que não faz parte de uma instituição de ensino (universidade). Entretanto, em parceria com a UFSC e a Udesc, ele contribuiu com a formação de recursos humanos por meio da co-orientação de alunos de graduação, mestrado e doutorado.
Jovem pesquisador aos 51 anos
A história de Denilson na Epagri iniciou em 2002 como estagiário, depois como bolsista e finalmente em 2008 como empregado efetivo, onde trabalhou no Ciram até setembro de 2021, na área de Ordenamento e Geoprocessamento Ambiental, quando assumiu a gerência do Deplan.
Ele está com 51 anos de idade e se diverte com a brincadeira dos colegas por ter ganhado um prêmio de “jovem” pesquisador. “Para a inscrição no prêmio, era necessário ter finalizado o doutorado em até sete anos na data do lançamento do edital, critério que eu me enquadrei. E claro, por que não me considerar jovem aos 51?”, diz.
Falando em idade, o pesquisador conta que a vida acadêmica dele começou mesmo mais tarde. Natural de São Carlos, no Oeste Catarinense, Denilson se formou em Agronomia na UFSC em 2005, quando já estava com 33 anos e já era pai de um casal, na época com idades de 6 e 7 anos. “Eu já estava em outra fase da minha vida e precisava trabalhar à noite para sustentar a família, já que o curso era em período integral. Hoje, eu sinto que este esforço valeu a pena. Por isso afirmo com convicção que nunca é tarde para ir em busca dos nossos sonhos, pois é possível realizar a qualquer momento, independente da idade”, frisa ele.
Denilson é mestre em Agroecossistemas pela UFSC e tem dois títulos de doutorado: em “Ciência e Tecnologia Ambiental”, pela Universidade da Coruña, na Espanha, e em “Ciências do Solo” pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Suas pesquisas já renderam inúmeros artigos científicos, seis livros publicados e autoria de capítulos em mais 22, além de eventos e de quatro outros prêmios nacionais.
Questionado sobre o que vai fazer com o dinheiro do prêmio, ele não tem dúvida: “vou gastar com o que mais gosto na vida: viajar. Conheço 72 países e esse ano vou conhecer Guatemala, Honduras, Belize, El Salvador, Suriname, Guiana e retornar para a Tailândia.
Pesquisas de relevância
Duas grandes áreas de trabalhos se destacam na atuação de Denilson que renderam a ele o prêmio de jovem pesquisador: o relacionado ao manejo e conservação do solo e às indicações geográficas (IG).
As pesquisas com IG subsidiaram a obtenção do reconhecimento, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), de sete importantes produtos/territórios catarinenses, o que permitiu o desenvolvimento territorial e a agregação de valor para estes produtos, resultando em melhoria de renda e qualidade de vida para os nossos produtores.
No manejo e conservação do solo, destaca-se o trabalho que está sendo desenvolvido com o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), cujos resultados permitiram a disponibilização de informações que, entre outros, promoveram a inclusão do SPDH no programa federal que inclui o Plano ABC+ (Agricultura de Baixo Carbono).
Futuro na Epagri
Revendo sua história na Epagri, Denilson relembra o momento em que voltou do doutorado, há sete anos. “Eu não não tinha nem sala, nem mesa. Mas o que mais marcou foi o incentivo do gerente do Ciram da época. Ele me disse: ‘Denilson, voa!’ E eu segui à risca. Sem dúvida esse foi o ponto mais importante para a obtenção desse prêmio. Desejo que a Epagri permita que nossos colegas possam voar, propiciando um ambiente com menos controle, mais resultados e maior valorização dos nossos profissionais que são incríveis”, aponta o jovem pesquisador.
Denilson coordenou a VIII Workshop Catarinense de Indicações Geográficas e a VII Mostra de Produtos Tradicionais, em 2019. Entenda a importância desse evento: